A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi interrogada nesta segunda-feira (7) em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).

Zambelli é ré pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica sobre invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de dados falsos. O hacker Walter Delgatti Neto é réu na mesma ação e também foi interrogado.

O relator da ação é o ministro Alexandre de Moraes.

O interrogatório faz parte da tramitação das ações penais. Esta é a última etapa da fase conhecida como instrução, quando são levantadas provas, cumpridas diligências e ouvidas pessoas relacionadas ao fato.

A defesa da deputada nega as acusações e diz que ela é inocente.

Walter Delgatti é réu confesso no caso. Ele é conhecido como “hacker da Vaza Jato”, por ter invadido dispositivos de autoridades da operação Lava Jato.

“Papel central”

Zambelli e Delgatti se tornaram réus no STF em maio após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a dupla.

A investigação apontou que eles inseriram documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Conforme a denúncia da PGR, Zambelli teve “papel central” na invasão dos sistemas eletrônicos do CNJ e foi a “autora intelectual” do ataque hacker.

Durante a audiência desta segunda-feira, Zambelli negou as acusações. A deputada também negou envolvimento em conflitos envolvendo Moraes, e disse que jamais se referiu ao ministro de maneira “jocosa”.

“Respondo a processos de tentativa de cassação. Não tinha porque me envolver em nenhum conflito ou me envolver em uma brincadeira dessas”, disse a deputada.

Zambelli, segundo a acusação, “arregimentou” o hacker Walter Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca dos serviços.

Conforme a acusação, de agosto de 2022 a janeiro de 2023, Delgatti invadiu “por várias vezes dispositivos de informática usados pelo Poder Judiciário, adulterando informações, mandados de prisão, alvarás de soltura, decisões de quebra de sigilo bancário, e inclusive determinando ao sistema que emitisse documento ideologicamente falso”.

Objetivo, segundo a denúncia

De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o objetivo era “gerar ambiente de desmoralização da Justiça Brasileira, para obter vantagem de ordem política, propondo-se, desde o princípio, à invasão a dispositivo informático, que, afinal, determinou, participando ativamente de produção de ordem judicial ideologicamente falsa”.

A PGR citou relatório da Polícia Federal que confirmou que o hacker “trabalhava para a denunciada (Zambelli), sendo de se realçar que ele detinha informações de acesso a sítios eletrônicos e a servidores associados à parlamentar”.

Ainda de acordo com a acusação, o pagamento era “escamoteado” para tentar encobrir a relação, e feito por meio de um terceiro – Jean Hernani, funcionário do gabinete de Zambelli. Ele não foi denunciado no caso.

O objetivo da empreitada, narrou a PGR, era obter “vantagem de ordem midiática e política, que adviria do projeto de desmoralização do sistema de Justiça, bem como causar danos ao funcionamento da máquina administrativa judiciária”.

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