A proximidade dos vereadores com a população os torna mais vulneráveis à violência política, especialmente em anos eleitorais.

Esta é a conclusão do cientista político Pedro Bahia, pesquisador do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Unirio, em entrevista ao CNN 360° desta sexta-feira (25).

Segundo Bahia, a acessibilidade facilitada aos vereadores, que muitas vezes são figuras conhecidas em suas comunidades, aumenta o risco de serem alvo de atos violentos.

“A acessibilidade a vereadores é mais fácil, por isso, eles ficam à mercê de atos de violência”, afirmou o especialista.

Metodologia e dados preocupantes

O Observatório da Violência Política e Eleitoral, criado em 2019, utiliza uma metodologia que combina dados oficiais com informações da imprensa para mapear episódios de violência política em todo o Brasil. Esta abordagem permite identificar casos que nem sempre são notificados às autoridades criminais.

Bahia ressalta que os anos eleitorais costumam apresentar um aumento na incidência de casos de violência política, principalmente no período próximo às campanhas eleitorais.

O cientista político expressa preocupação com o ciclo eleitoral municipal de 2024, prevendo um possível aumento nos casos de violência.

Eleições municipais: um cenário mais complexo

As eleições municipais apresentam desafios únicos em termos de segurança política. Com mais de 5 mil municípios no Brasil, o número de candidaturas, especialmente para o cargo de vereador, é significativamente maior do que em eleições nacionais. Isso dificulta a proteção efetiva de todos os candidatos.

Além disso, a natureza local das eleições municipais coloca os candidatos em contato direto e frequente com os eleitores, tanto nas ruas quanto nas redes sociais.

Esta exposição, embora benéfica para o processo democrático, também aumenta os riscos de violência política.

Legislação e medidas de prevenção

Bahia destaca avanços recentes na legislação, como a aprovação em 2021 da lei contra a violência política de gênero.

No entanto, ele enfatiza a necessidade de maior celeridade nas investigações e na conclusão de inquéritos relacionados a casos de violência política.

O cientista político também aponta a importância do papel do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de outras instituições na criação de canais de denúncia e na implementação de políticas públicas para conter a violência política.

A responsabilização dos partidos políticos que financiam candidatos que incentivam a violência também é vista como crucial para mitigar o problema a longo prazo.

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