No Brasil, cerca de três milhões de pessoas vivem com insuficiência cardíaca, mas esse número pode aumentar, segundo especialistas convidados do CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (30).

“Um estudo recente, com dados do DataSUS, mostrou que, de 2018 a 2021, quase 900 mil pessoas internaram por insuficiência cardíaca. De 2008 a 2018, dois milhões de pessoas. Com custo, no Brasil, de R$ 3 bilhões. Se a gente pegar dados dos Estados Unidos, até 2030 vai ter um aumento de 46% [de casos] afetando oito milhões de americanos, com um custo de US$ 30 bilhões. Ou seja, a insuficiência cardíaca é uma das doenças que vai ser o problema do futuro”, afirma o cardiologista Fábio Fernandes, especialista em miocardiopatias no Incor.

Fernandes e Silvia Ayub, cardiologista também do Incor, são os convidados do Dr. Roberto Kalil, alertam sobre a gravidade da insuficiência cardíaca e a importância de realizar o tratamento adequadamente.

A insuficiência cardíaca é uma condição caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue de forma adequada, comprometendo o funcionamento de outros órgãos do corpo.

“A insuficiência cardíaca é uma síndrome e, como uma síndrome, há várias doenças que podem levar a esse acometimento”, diz Fernandes.

Segundo ele, há dois tipos de insuficiência cardíaca. Uma delas tem origem no enfraquecimento do músculo do coração, que não consegue bombear o sangue corretamente. Os homens são os mais atingidos por esse tipo, e as causas são diversas.

“Infarto agudo do miocárdio, miocardiopatias dilatadas, doença de Chagas, pacientes oncológicos, miocardite, causas virais. Há uma gama muito grande de alterações que podem atingir a musculatura do coração”, elenca o cardiologista.

O segundo tipo ocorre quando o problema está no relaxamento do músculo. “Ele contrai muito bem, mas relaxa com uma certa dificuldade”, diz Fernandes. Hipertensão e diabetes são algumas das doenças que podem estar na raiz do problema. Esse tipo atinge mais a população feminina.

Entre os principais sintomas da insuficiência cardíaca estão o inchaço nas pernas e na barriga, fadiga e cansaço, inclusive para realizar atividades habituais, como vestir-se ou tomar banho. No programa, Dr. Kalil explica como diferenciar esse cansaço de uma estafa habitual do dia a dia. “O sintoma clássico é o sujeito que chega contando: ‘eu ia na padaria toda manhã comprar meu pão. Agora, eu não consigo chegar na padaria, porque eu canso muito”.

Insuficiência cardíaca tem alta mortalidade

Ayub alerta para a gravidade da insuficiência cardíaca, que possui mortalidade alta. “Após o diagnóstico de insuficiência cardíaca, 50% dos indivíduos vão morrer com cinco anos de doença. E nos idosos, isso reduz para 35% de sobrevida em cinco anos. É mais grave até que uma parte dos cânceres. Normalmente, o paciente quando recebe o diagnóstico de uma doença oncológica ele fica muito assustado. Talvez ele não tenha noção de que a insuficiência cardíaca é tão grave ou até mais grave, em alguns casos”, afirma.

A cardiologista explica que entre os principais fatores de risco estão o envelhecimento da população e a melhora no tratamento das chamadas doenças cardíacas primárias. “Hoje, se eu tenho um infarto agudo do miocárdio, eu abro a artéria, recupero uma parte do coração. Se eu tenho uma doença valvar, eu troco a válvula. Eu trato a hipertensão. Mas, às vezes, você fica com alguma sequela no miocárdio e no longo prazo, você pode desenvolver insuficiência cardíaca”, completa.

Coração artificial é opção para casos graves

O tratamento da insuficiência cardíaca é, em geral, medicamentoso, com a maior parte dos remédios disponível também na rede pública. No entanto, casos graves podem requerer o uso de coração artificial ou, como último recurso, o transplante.

“O coração artificial, apesar de o nome dar a impressão de que é uma máquina que substitui o coração inteiro, na verdade (…) é um dispositivo que assiste ao ventrículo esquerdo. É como se fosse uma bomba d’água: ele aspira o sangue do ventrículo esquerdo e manda para a aorta. Então, substitui este lado do coração, que é a parte mais importante que é a que bombeia sangue para o organismo”, explica Ayub.

Segundo a especialista, hoje os pacientes que utilizam o coração artificial podem ter uma vida plena e, inclusive, praticar atividades físicas. “A gente muda a vida desse indivíduo, que teria um prognóstico de sobrevida menor que 10% em um ano”.

Esse dispositivo pode ser utilizado como terapia definitiva ou para o paciente que está na fila aguardando o transplante. “O Brasil tem um programa de transplante cardíaco muito importante, talvez seja no mundo o principal programa coberto pelo SUS, e a gente tem um número de transplantes em torno de 350 a 370 transplantes por ano. E ele é extremamente efetivo. Um paciente que é submetido a um transplante cardíaco tem uma expectativa de vida de 10 a 15 anos, então é uma mudança dramática na história de vida de cada indivíduo”, afirma Ayub.

Atualmente, a grande dificuldade ainda é o tempo que o paciente precisa permanecer em fila aguardando um transplante. “Às vezes o paciente permanece de quatro a seis meses internado, num hospital, necessitando de medicações na veia para chegar o momento dele na fila. Talvez aí a gente tenha que melhorar mais a nossa doação de órgãos”, finaliza.

O “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” vai ao ar no sábado, 30 de novembro, às 19h30, na CNN Brasil.

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