Após a divulgação de que uma “minuta do golpe” foi encontrada em janeiro de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, trocaram mensagens.

A interação, segundo relatório da Polícia Federal (PF), consistia no envio de links de reportagens publicadas sobre o assunto.

Imagens sobre as mensagens constam no documento da PF sobre a investigação a respeito da tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022. Bolsonaro e Cid foram indiciados pela PF, assim como outras 35 pessoas.

A minuta foi apreendida pela PF em 10 de janeiro de 2023 — dois dias após os ataques contra as sedes dos Três Poderes — na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e que era secretário da Segurança do Distrito Federal na época dos atos golpistas.

A mensagem de Bolsonaro foi apenas o encaminhamento de uma notícia, de 12 de janeiro daquele ano, com o título “PF encontra na casa de ex-ministro minuta para Bolsonaro mudar resultado da eleição”.

Mensagem
Mensagem de Bolsonaro para Mauro Cid após “minuta do golpe” ser apreendida • Reprodução/PF

Mais tarde, o tenente-coronel respondeu com outro link de notícia, dizendo que a minuta havia sido escrita à mão — o que foi retificado pela reportagem posteriormente, já que a minuta havia sido digitalizada.

Assessores

Cid havia, inclusive, encaminhado ao ex-presidente uma mensagem destacando a informação do “escrita à mão”, enviada anteriormente por Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro com quem o tenente-coronel havia trocado mensagens pouco antes.

No mesmo dia, Cid também teve contato com outro ex-assessor de Bolsonaro: Marcelo Câmara. O tenente-coronel encaminhou links sobre a apreensão da minuta.

Câmara respondeu dizendo não ver “gravidade”. “Doc [documento] não seguiu porque poderia não ter amparo jurídico”. Cid respondeu em seguida, mas a mensagem foi apagada.

Preocupação

Para a PF, “as trocas de mensagens evidenciam que os investigados estavam mais preocupados com a minuta de decreto apreendido”.

Segundo os investigadores, “foram realizadas várias reuniões entre integrantes do núcleo jurídico com o então presidente Jair Bolsonaro para definição do escopo das medidas que subverteriam o Estado Democrático de Direito”.

Eles lembram que, em 7 de dezembro de 2022, foi apresentada aos comandantes do Exército e da Marinha “uma minuta com os considerando que seriam os fundamentos das decisões a serem adotadas”. “Nesta data, há registros de entrada de Filipe Martins, Mauro Cid, Marcelo Camara e do então ministro da Justiça Anderson Torres no Palácio da Alvorada”, residência oficial da Presidência da República.

A CNN procura as defesas de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, Marcelo Câmara e Filipe Martins, e aguarda retorno.

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